O casal que procura auxílio para a gravidez, na sua maioria, tem algumas informações prévias sobre os procedimentos e resultados. E sabe que a gravidez não pode ser garantida, seja qual for o procedimento utilizado. Este fato, associado à ansiedade e expectativa do casal, colabora para que alguns avanços técnicos possam ser superdimensionados, e tomados como grandes soluções para aumentar a taxa de gravidez. Desta vez, está em lançamento um medicamento que induz o crescimento dos folículos ovarianos, o que é necessário para os procedimentos assistidos de reprodução.
Os folículos são bolsas de líquido situadas dentro dos ovários que, idealmente, contém um óvulo. No líquido estão as substâncias favoráveis para o desenvolvimento desse óvulo. Ainda numa condição ideal, em cada ciclo menstrual, um único folículo se desenvolve e se rompe, liberando o óvulo (ovulação). O crescimento do folículo ocorre pelo estímulo de um hormônio, o FSH (hormônio folículo-estimulante), secretado pela hipófise (região do cérebro que fica, aproximadamente, no centro geométrico da cabeça). Isto é o que ocorre em situação ideal.
Na prática, observa-se que podem crescer folículos com óvulos de pouca qualidade, ou mesmo sem óvulos. Por isso, quando se utiliza algum procedimento de reprodução assistida (inseminação intrauterina ou fertilização in vitro), utilizam-se medicações, a base de FSH, que fazem com que vários folículos se desenvolvam, na expectativa de que em algum ou alguns deles possam ser encontrados óvulos de boa qualidade, o que aumenta muito a chance de sucesso no procedimento. Essas medicações são injetáveis, e a paciente deve utilizar uma injeção diária, durante período variável (8 a 10 dias). São realizados exames ultrassonográficos periódicos, para eventual acerto da dose da medicação: a dose pode ser reduzida ou aumentada conforme a quantidade de folículos em desenvolvimento.
A nova medicação é também a base de FSH, como as que vêm sendo atualmente utilizadas. A diferença (ou novidade) é a de que, com uma única aplicação injetável, obtém-se um efeito equivalente a cerca de sete dias de tratamento. Com isso, se reduz o número de injeções, o que traz maior conforto ao paciente: essa é a novidade que o medicamento oferece. Se o paciente tem dificuldade em induzir a ovulação com a medicação existente, então a dificuldade será a mesma com a nova.
Há, ainda, outro lado a se considerar: uma vez aplicado o medicamento, aplicado está e não pode ser removido. Se a dose não for suficiente, é possível complementar com a medicação em uso atualmente, sem prejuízo ao paciente. Mas, se a dose for excessiva, não há como remover o medicamento, o que poderá provocar, em alguns casos, até o cancelamento do ciclo. Portanto, embora seja medicação que, certamente, tem seu lugar no arsenal terapêutico, sua utilização estará restrita aos critérios médicos, visando o melhor para o paciente.