Por um lado, mesmo estimulando os ovários de modo adequado, alguns folículos, de bom tamanho, podem não conter óvulos. Por outro, a eventual existência de dificuldades técnicas pode impedir a punção de alguns folículos. Essas são duas razões pelas quais o número de óvulos obtidos pode ser menor que o número de folículos que crescem. Importante é saber que esses fatos são frequentes, e não levam à redução da probabilidade de gravidez. No exemplo da figura, desenvolveram-se 6 folículos, que produziram 5 óvulos.
Quando se retiram os óvulos da paciente, em geral, existe uma mistura de maduros e imaturos, e apenas os maduros podem ser utilizados. Dessa forma, de todos os óvulos retirados, apenas alguns serão utilizados. No exemplo da figura, dos cinco óvulos obtidos, três são maduros e dois imaturos. Durante a estimulação ovariana, não há como saber se os óvulos estão maduros ou não, uma vez que o controle da estimulação dos ovários é feito pelo crescimento dos folículos, assumindo-se que, se existem dois ou mais folículos com diâmetros maiores que 17 ou 18 mm, então existirão óvulos maduros. Na grande maioria dos pacientes, isso é verdade. No entanto, pode ocorrer que folículos grandes não tenham óvulos maduros, e isso é um defeito do desenvolvimento dos óvulos dentro dos folículos. Se isso ocorrer com todos os folículos, então não será possível a formação dos embriões. Em geral, mesmo que ocorram apenas óvulos imaturos num ciclo para estimulação ovariana, isso não garante que, no próximo ciclo, vá ocorrer a mesma coisa.
Quando o espermatozóide é injetado no óvulo, uma série de fenômenos tem início e culmina com a formação da célula ovo (ou, técnicamente, zigoto), que vai formar o embrião por sucessivas divisões celulares. A injeção do espermatozóide no óvulo não garante a formação do embrião: é preciso que os fenômenos que ocorrem dentro da célula sejam adequados, o que depende de fatores parcialmente desconhecidos. Dessa forma, se não houver fertilização, nada resta a fazer. No exemplo da figura, dos três óvulos obtidos, apenas dois formaram embriões.
Resumindo: se há folículos, podem não ocorrer óvulos. Se há óvulos, podem não ser maduros. Se são maduros, podem não fertilizar. Assim, a superação uma etapa não garante a ocorrência da seguinte. Esse é um dos motivos pelos quais o procedimento de fertilização in vitro ainda não pode garantir a gravidez.
Para mais informações sobre reprodução humana, consulte a página:
www.hospitalsaopaulo.org.br/reproducaohumana
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo