O custo de um ciclo de fertilização in vitro, embora tenha tido uma redução substancial desde o início de sua aplicação até hoje, ainda é considerado elevado. Têm sido responsabilizados, e com razão, tanto os materiais quanto a medicação utilizados para o ciclo. De fato, os materiais utilizados, pelo fato de substituírem funções do corpo, têm necessariamente que ser muito elaborados e refinados para que cumpram seu papel adequadamente. Quanto à medicação utilizada, o custo decorre não apenas da própria fabricação, mas também do elevado controle de qualidade que deve nortear a produção. A esses dois elementos, associados ao custo de pessoal técnico com especialização na área (médicos, enfermeiros, biólogos, bioquímicos, etc.), é imputado o custo final do procedimento.
Tentativas têm sido feitas no sentido de minimizar o custo e manter a mesma qualidade (taxa de gravidez) no ciclo. Assim é que, recentemente, surgiu um trabalho sugerindo o uso de uma cápsula vaginal, dentro da qual seriam colocados os espermatozoides e os óvulos em um meio de cultura adequado. O conjunto seria colocado dentro da vagina da mulher e, após três dias, retirada e verificada a formação dos embriões, que seriam então transferidos para dentro do útero. Essa técnica minimiza o custo da incubação em estufas especiais. Mesmo assim, restam para o paciente o custo dos remédios, do pessoal técnico e do suporte para transferência do embrião. Além disso, a chance de fertilização é menor do que quando se utiliza a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), e há presumível risco de contaminação por germes da vagina.
Também tem sido cogitada a substituição da sofisticada estufa para cultura dos embriões por uma incubadora que utiliza ácido cítrico e bicarbonato de sódio para obtenção do gás carbônico, necessário à cultura dos embriões. A precisão desse método ainda deve ser testada, e valem as mesmas observações feitas: apenas uma pequena parte do custo é reduzida.
Tentativas de utilização de menor quantidade de remédios, trabalhando com número de óvulos menor (um ou dois) resultam em taxas de gravidez menores.
Portanto, ainda não há possibilidade de reduzir o custo da fertilização in vitro sem, irremediavelmente, diminuir a taxa de gravidez. A melhor forma de reduzir os custos, pelo menos por enquanto, é a realização de uma boa análise da situação clínica do casal, capaz de fornecer um diagnóstico correto e um caminho mais adequado (que pode ou não ser a fertilização in vitro) para seu tratamento: a mínima intervenção que ofereça o máximo resultado.
Para mais informações sobre reprodução humana, consulte a página:
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55392814 – 55395526 – 55392084 – 55392581
Dr Jorge Haddad-Filho, médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital São Paulo