Descobertas médico-científicas não podem ser tratadas como algo simples. Muitas delas foram resultado de muito trabalho e estudo; a história está repleta de descobertas feitas por acidente, mas outras tantas lidaram com questões éticas.
Em artigo publicado no site da SPDM, o psiquiatra Claudio Jerônimo tenta separar o argumento muito utilizado pela defesa da legalização da maconha – a de que ela pode ser usada em tratamento de doenças – ao fato de que “a maconha é uma erva, não é medicamento. Fumar maconha não é terapia. Concluir que na erva existem componentes químicos com possibilidades terapêuticas também não é o mesmo que dizer que maconha é benéfica”.
Essa é uma questão que está na pauta de políticas públicas de muitos países e as decisões devem se pautar todas em evidências científicas, sempre lidando com as questões éticas de maneira apropriada.
Inspirados por esse prisma, selecionamos para a Dica de Cultura desta semana o filme Óleo de Lozenzo, que fez muito sucesso em 1992, quando foi lançado. Baseado em uma história real, o filme mostra a angústia da família Odone, quando o filho Lorenzo, de apenas seis anos é diagnosticado com adrenoleucodistrofia (ALD), uma doença degenerativa extremamente rara e incurável, em que ocorre o desgaste da mielina (presente no neurônio), provocado pelo acúmulo de gorduras saturadas. A sobrevida é de dois anos e o sofrimento do menino é visível.
Os pais Michaela (Susan Sarandon) e Augusto (Nicki Nolte) não aceitam o fato de que, em pouco tempo, e com tanto sofrimento, vão perder seu filho e partem numa busca obsessiva por um milagre. Assim, vão estudar e pesquisar por conta própria, na esperança de descobrir algo que pudesse deter o avanço da doença, de caráter hereditário, transmitida geneticamente pela mãe.
Enquanto o pequeno Lorenzo é estudado pelos médicos, seus pais descobrem mais sobre a doença e com base nessas descobertas, desenvolvem por sua conta e risco um óleo (extrato de ácidos de azeites de oliva e de colza), que “enganava” a lógica da doença. Esse óleo não era a cura, mas tornava mais lenta a evolução da doença.
O uso do óleo não fez Lorenzo voltar ao seu estado normal, mas impediu a evolução da doença e, através de tratamentos, a criança conseguiu uma grande melhoria na sua qualidade de vida.
Óleo de Lorenzo (Lorenzo’s Oil, 1992), dirigido por George Miller, com Susan Sarandon, Nick Nolte, Zack o’Malley Greenburg, Aaron Jackson, Peter Ustinov, Kathleen Wilhoite, Gerry Bamman, Margo Martindale, James Rebhorn, Ann Hearn e Maduka Steady.