Na década de 90, aos 43 anos, Jean-Dominique Bauby era um famoso jornalista, redator-chefe da revista Elle. Apesar de talentoso, era muito arrogante. Bem-sucedido e sempre cercado de mulheres muito bonitas, Jean-Dominique vivia como um bom vivant, levava uma vida requintada e feliz. Era separado da mulher com quem teve três filhos e não via as crianças com tanta frequência.
Tudo muda quando, durante um passeio de carro com seu filho, o jornalista é vítima de um derrame cerebral. Depois de passar três semanas em coma, Jean-Dominique acorda e se vê em uma cama de hospital, cercado por médicos e enfermeiras. Ele sabe que sua mente está funcionando normalmente, consegue ver, ouvir e entender o que as pessoas a sua volta estão falando, mas logo percebe que algo estranho aconteceu. Os médicos pareciam não conseguir ouvi-lo. Ele então se dá conta de que está completamente paralisado da cabeça aos pés, com exceção do seu olho esquerdo.
Preso ao próprio corpo, Bauby começa a perder a alegria de viver, seu maior talento, a comunicação, havia se perdido. Isso até que sua fonoaudióloga consegue desenvolver uma forma do jornalista se comunicar através da única parte do corpo que ele consegue mexer: o olho esquerdo. Para você parece impossível? As letras do alfabeto começaram a ser narradas em voz alta, uma a uma, e Bauby aprende a piscar quando a letra necessária para construir uma palavra é pronunciada. Ele começa então a se relacionar com o mundo novamente. É desta forma que ele consegue narrar tudo o que se passa em sua cabeça e dá origem ao livro O Escafandro e a Borboleta, no qual o filme foi baseado.
Letra por letra, piscada por piscada, Bauby se agarra à sua mente e começa a se libertar do próprio encarceramento. O escafandro representa sua prisão e a borboleta representa sua imaginação e memória, que ainda funcionam perfeitamente e lhe dão asas para sair da prisão.
Bauby sofreu de Síndrome do Encarceramento, uma doença neurológica bastante rara, em que todos os músculos do corpo ficam paralisados, exceto os que controlam o movimento dos olhos. O paciente fica, literalmente, preso dentro do próprio corpo, já que se mantém consciente, sendo capaz de compreender tudo ao seu redor.
A primeira parte do filme é toda mostrada em câmera subjetiva, como se nós estivéssemos vendo através dos olhos de Bauby. Assim como ele, nos sentimos impotentes diante do mundo que nos rodeia. O longa recebeu quatro indicações ao Oscar, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Diretor e Melhor Filme Estrangeiro, o Bafta de Melhor Roteiro Adaptado e ainda levou mais dois prêmios no Festival de Cannes (Melhor Diretor e Grande Prêmio Técnico).
O Escafandro e a Borboleta (Le scaphandre et le papillon, 2008, França/EUA) dirigido por Julian Schnabel, com Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny, Patrick Chesnais, Niels Arestrup, Jean-Pierre Cassel, Isaach de Bankolé.